sábado, 22 de maio de 2010

Os limites do crescimento

A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) entregará um documento a José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva, esta semana durante sabatina em Brasília, propondo que "a renda per capita no Brasil seja dobrada a cada 15 anos em vez de a cada 21, ritmo atual. O estudo de 167 páginas diz ser possível elevar de US$ 10.465 atuais para US$ 20 mil em 2025, níveis hoje de Portugal, Arábia Saudita e Hungria. Para a CNI, a meta é possível se o PIB for mantido crescendo 5,5% ao ano. O setor dá emprego a 20 milhões de pessoas, o que significa que um em cada 10 brasileiros estão empregados na indústria".

Teria sido melhor a CNI investir R$150,00 e entregar uma cópia do livro "LIMITES DO CRESCIMENTO - A ATUALIZACAO DE 30 ANOS" para cada um dos candidatos ler, e sabatiná-los sobre o tema.
Seria interessante, talvez redundante, ouvir os candidatos falar sobre ecologia, sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável, aquecimento global, derretimento de geleiras, elevação do nível do mar, rompimento da camada de ozônio ou quaisquer outros assuntos correlatos. Todos estes assuntos já foram objeto de inúmeras análises e expostos, tanto quanto possível, sobre todos os ângulos respeitáveis, mesmo que contraditórios!

Entretanto, não existe debate mais urgente e necessário. Um debate que permita aos candidatos expressarem suas visões sobre a necessidade imperiosa e urgente de desencadear uma revolução que modifique radicalmente o coração e a mente dos brasileiros. Se não conseguirmos fazer tal revolução, nós brasileiros, junto com toda a humanidade, estaremos condenados à extinção ou, na melhor das hipóteses, ao regresso a um estado de selvageria que levará a aniquilamentos recíprocos de proporções inimagináveis.


A degradação ecológica e demais assuntos correlatos de que falo acima não levará – como se é levado a pensar em um primeiro momento – ao fim de nossa Terra. Na verdade, falar em degradação decorre, sem dúvida, de uma visão puramente humana. É claro que a Terra se transformará – e na verdade já está se transformando, de uma forma dramática – em um habitat inteiramente hostil à espécie humana e a inumeráveis outras espécies animais e vegetais. Mas isso só é ruim para nós e para aquelas outras inumeráveis espécies.

Quanto à Terra, nada irá perturbá-la, como aliás nada jamais a perturbou. Ela assistirá indiferente ao surgimento e à extinção de outras espécies, assim como assistiu indiferentemente à extinção dos dinossauros e ao surgimento da espécie humana. Mas para nós, e isso é o que nos importa, nós teremos desaparecido. A não ser que consigamos mudar.

E em que importa essa mudança? Importa em algo que, à primeira vista, parece ser simples e óbvio, mas não é. Realmente, está muito longe de ser. Importa em que deixemos de ser competitivos para sermos solidários. Ou seja, importa em trocar a competição pela solidariedade. Mas eu sou solidário, dirá você. Talvez até você seja, no fundo (bem no fundo).

Talvez você conheça a história dos dois homens que estavam na África caçando leões. Pois acontece que quando apareceu o leão os dois apontaram suas armas e dispararam. Mas as armas falharam. Um dos homens se desesperou e olhou para o outro, que parecia calmo, tanto que se sentou, abriu a mochila, tirou um par de tênis e começos a calçá-los. O leão se aproximava e o homem desesperado disse: “De que adianta isso? Você não vai correr mais do que o leão.” E o outro respondeu: “Mas eu não quero correr mais do que o leão. Só quero correr mais do que você.” E é isso que fazemos todos os dias.

Cada santo dia cada pessoa se empenha em uma luta ferrenha com seus iguais em busca de mais poder, de mais prestígio, de mais dinheiro. Se você é seu próprio patrão, conseguiu montar seu negócio, você estará lutando para destruir seu concorrente, e fará quase qualquer coisa para conseguir isso. Se você é executivo de uma grande empresa, aí então, nem falar... Se for uma multinacional, você estará procurando locais em que seus custos sejam mínimos, mesmo que isso importe em contratar empregados que ganhem apenas o suficiente para sobreviver.

Mas as coisas não ficam só nessa área. Se alguém descobrir a cura do câncer, não se contentará em se tornar um herói da humanidade. Ele não revelará sua descoberta enquanto não tiver certeza de que ficará rico. Pois é, você poderá dizer. Mas o homem é assim desde sempre, e afinal foi essa competição, essa ganância que produziu as maravilhas do mundo moderno; e se ainda há alguns bilhões de pessoas que não se beneficiam dessas maravilhas, um dia elas chegarão lá.

Aí é que está o engano. Em primeiro lugar, a disposição competitiva, belicosa dos seres humanos não se volta apenas contra os próprios seres humanos, mas também contra a natureza. Por isso, os recursos da Terra estão se esgotando, e o lixo que produzimos ao consumir estão envenenando a própria Terra e impedindo que ela possa produzir mais para o nosso consumo.

Por isso, e em segundo lugar, aqueles bilhões de pessoas que não se beneficiam das maravilhas do mundo moderno não vão jamais poder se beneficiar delas porque a mãe Terra não tem nem terá mais recursos para permitir que isso aconteça.

Os limites estão cada vez mais próximos e os seus primeiros impactos já excedidos aumentaram consideravelmente o prejuízo ambiental, econômico e social, provocando situações de tragédia humana justamente nas áreas mais empobrecidas e vulneráveis do planeta. O Brasil não é exceção!

Os matemáticos da CNI, como todos seres humanos, tem dificuldades e "são incapazes de compreender a função exponencial" diria o professor Al Bartlett. Nunca é tarde para aprender. Abaixo segue a parte 1 de 8, de sua conhecida palestra "Aritmética, População e Energia. Todas disponíveis no You Tube ou no próprio site do professor!

Nenhum comentário:

Postar um comentário