quinta-feira, 20 de maio de 2010

Fala... mas fala diferente!
Quem não se lembra do personagem "Seu Eustáquio" interpretado por Grande Otelo no programa humorístico "A escolinha do professor Raimundo" de Chico Anysio. Alguém "soprava" as respostas para ele e pedia "Fala...mas fala diferente!

Entra eleição e sai eleição e os candidatos fazem seus discursos com base nas pesquisas sobre os temas mais importantes para o eleitor: saúde, segurança, educação, etc. Até aí nada de mais. O problema está na essência desenvolvimentista por trás do discurso dos candidatos. A idéia central é sempre semelhante. A diferença é quem fala!

Essa idéia central que explica as políticas em prática no Brasil e no resto do mundo desde o pós guerra é a idéia econômica de que mais... é melhor! A idéia do crescimento econômico é uma idéia poderosa.

Todo candidato, não importa o partido, justifica e usa o argumento de aumentar o tamanho da economia como a única e mais importante forma de gerar emprego, renda, saúde, educação etc.

O problema é que essa idéia do crescimento econômico não está funcionando muito bem por duas razões simples.

A primeira é que ela nos coloca em rota de colisão com o desastre na medida que ignora os limites de crescimento do planeta e nossa capacidade para sustentar este crescimento. Fica a sensação de que aqueles que se propõe a guiar nossa economia e nossa sociedade agem como pilotos que tentam traçar uma rota sem um GPS.

A segunda é que a semelhança entre conteúdo e forma da idéia e do discurso político do crescimento não permite ao eleitor escolher que tipo de crescimento ele quer... e pior... distinguir qual dos candidatos está melhor preparado para entregar os resultados desejados.

Nada contra o PIB (Produto Interno Bruto) como uma forma de medida do crescimento, entretanto, não é preciso ser economista para imaginar que o PIB por si só, seja o único e o melhor indicador da performance econômica e de progresso social. Por exemplo, mais automóveis, aumentam o PIB mas também aumentam a poluição. Mais penitenciárias aumentam o PIB mas não aumentam a percepção de segurança nem indicam o bem estar da sociedade.

O conceito de que o cálculo da "riqueza" deve considerar outros aspectos além do crescimento econômico como a conservação do meio ambiente e a qualidade das vidas das pessoas não é novo. O chamado FIB (Felicidade Interna Bruta) por exemplo, já existe há mais de três décadas sendo inclusive adotado por países e até por empresas privadas.

Em termos de comunicação fica óbvio que uma nova narrativa política é necessária. Uma narrativa que mude a ênfase do discurso focado na produção para o discurso focado no progresso social e bem estar da população.

Em termos de Brasil, algo parecido com o que Sergio Buarque de Holanda descreveria como PCB (Produto Cordial Bruto) ou PSB (Produto Solidário Bruto). Uma narrativa e um discurso mais emocional, menos competitivo e mais solidário.

Nestas eleições e do ponto de vista da comunicação será uma insanidade como diria Albert Einstein "falar" a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes.

Nós estamos vivendo a pior crise financeira, econômica e social na história moderna. Resta saber se temos líderes à altura do desafio que se apresenta.

Um discurso emocional, uma abordagem focada no bem estar das pessoas, que capture a imaginação, provoque a esperança e desencadeie uma revolução nos corações e mentes dos brasileiros tem mais chances de criar o contraste e de ser percebido como um passo novo, diferente e melhor.

É possível? Claro que é! Um bom exemplo segue aí embaixo.

Fale... mas fale diferente!

3 comentários:

  1. Ronaldo, gostei muito de seu blog e de como vc expõe suas idéias. Vou indicá-lo para meus contatos.
    Mara

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  2. O Brasil precisa de pessoas com essa mentalidade e, principalmente, que isso seja difundido no lugar da influênica predadora e vulgar que ora prospera.
    Peço licença para publicar seus artigos no meu blog. Meus amigos compartilham dessas ideias e isso é fundamental para o fortalecimento de nossas ações.

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  3. Obrigado pelos comentários! Sintam-se livres para comentar e recomendar a seus amigos e contatos! Abraços

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