Ovos Frescos, Lições de Vôo...
e Política Externa!
e Política Externa!
Em comunicações, o modelo de "Estímulo e Resposta" é o que existe de mais básico. O modelo mostra que diferentes pessoas reagem de maneiras diferentes à palavras, gestos, imagens e ações.
Eu tive a felicidade de ter trabalhado em agencias de propaganda (Y&R, JWT e McCann) na época em que estas eram as únicas e verdadeiras escolas e aprendi, o pouco que sei sobre comunicação, propaganda e marketing pelas mãos de grandes e legendários profissionais.
No final da década de '70 assisti na JWT de Londres a uma excelente apresentação do conceito de estímulo e resposta feita por Jeremy Bullmore. A apresentação hoje famosa e celebrada chamava-se "Ovos Frescos e Lições de Vôo".
Com a licença de Jeremy vou usar, trinta anos depois, o mesmo conceito e os slides originais para propor porque e como o tema da política externa brasileira deveria ganhar importância nestas eleições. A apresentação usava somente 2 slides.
O primeiro slide mostrava a foto de um cartaz de papelão, bem rústico num ambiente rural pintado com os dizeres "Ovos Frescos".
O estilo e ambientação da peça de comunicação era perfeito para a mensagem e para o produto. A imagem bucólica projetava pureza e frescor!
Quando perguntada se compraria ovos ali... a audiência era unanime em afirmar que sim!
O segundo slide mostrava o mesmo cartaz, na mesma ambientação, mas a mensagem mudava, não em estilo, mas no produto... para... "Lições de Vôo."
Quando perguntada se aprenderia a voar ali a reação da audiência era cair na gargalhada! O ponto estava feito! Estímulo e Resposta!
Ninguém seria maluco de aprender a voar naquele local! Ninguém compraria aquele produto!
Ninguém seria maluco de aprender a voar naquele local! Ninguém compraria aquele produto!
Segundo, Marcos Coimbra do Instituto de pesquisas Vox Populi, um dos maiores descompassos entre os sentimentos da maioria da população e o que dizem a oposição e a grande imprensa, acontece na avaliação da política externa do atual governo. "Onde alguns só vêem equívocos, a população só enxerga, quase sempre, sucessos".
Ainda segundo Coimbra "a opinião pública vê a atuação do governo e, especialmente, de Lula nas relações internacionais como um de seus maiores trunfos. Nenhum presidente recebeu, antes dele, tanto destaque nesse campo. Nas pesquisas qualitativas feitas atualmente, o que se encontra é uma sensação de orgulho do cidadão comum pelo que avalia ser um crescente reconhecimento internacional do Brasil, seu governo e sua economia".
Continua Coimbra: "Predomina a visão de Lula como um presidente que busca e consegue acordos com outros países, favoráveis aos interesses nacionais (...) Conciliação, bom senso, entendimento, afirmação nacional, é com palavras como essas que as pessoas caracterizam a política externa. Ela é (mais um) exemplo da surpresa positiva que a população teve com Lula e com o PT no governo. Muita gente temia pelo desempenho internacional de uma liderança como Lula, que poderia não estar à altura do que o País necessitava. Velhos preconceitos cercavam de expectativas cautelosas o que ele seria. Pelo que as pessoas sentem hoje, no entanto, nenhuma se confirmou".
É baseado nos resultados destas pesquisas que Coimbra conclui: "Quem, nas últimas semanas, leu os principais jornais deve ter ficado com a impressão de que a nossa política de relações exteriores será um problema para Dilma Rousseff (...) Assim, Dilma Rousseff não terá dificuldades com esse tema na campanha (...) Ele nunca foi central nas nossas disputas presidenciais, mas vai subir de importância agora e nos próximos anos. Se desejar, Dilma pode promovê-lo desde já, e tem tudo a ganhar com isso".
Gostem ou não esta é aparentemente a resposta! "Se não gostar... mude de povo"! diria Delfim Neto.
Não entro no mérito da pesquisa, nem dos seus resultados. Acho até plausível. Agora... quando Coimbra usa os resultados da pesquisa para concluir sobre o futuro ele abandona a pesquisa, toma partido, vira cartomante e é no mínimo temerário!
Desconstruindo o Mito!
Em comunicação existe uma expressão em Inglês que diz "everybody loves the underdog" ou "todo mundo torce pelo mais fraco."
Ninguém chega aos pés de Lula neste quesito no que diz respeito a manipulação da auto estima do brasileiro (e a política externa do pais) para alavancar seu projeto pessoal de poder.
Há 8 anos Lula manipula a auto estima do povo brasileiro (começou em 2002 com a campanha "Sou Brasileiro e não Desisto Nunca") com sua encarnação "do mais fraco e do oprimido" explorando nossa cultura "cordial" de sempre defender o mais fraco! A estratégia de Lula pode ser definida como a da popular "mulher de malandro" ou do "bate que eu gosto"!
Fala errado e fala barbaridades (tipo se o mundo fosse quadrado), banaliza escândalos, despreza a técnica, debocha da ética e da educação, de valores da sociedade como legalidade, justiça e honestidade, mente descaradamente, é vulgar e malandro, quer levar vantagem em tudo! Para ele os fins justificam os meios! Vale tudo!
Vale posar ao lado de Fidel Castro e negar a questão dos direitos humanos. Cuba é a mais fraca!
Vale posar ao lado de Evo Morales "para fazer inveja ao Serra" Tadinho! O Evo é o mais fraco!
Vale posar ao lado de um lunático que nega o holocausto, e que quer a bomba para riscar Israel do mapa. O Ahmadinejad é o mais fraco!
Vale vilanizar os Estados Unidos e a comunidade internacional! O Brasil (Eu Lula) é o mais fraco!
Vale dizer que fez em apenas 18 horas o que os presidentes americanos não fizeram em mais de 30 anos!
Vale dizer que a Dilma lembra a ele o Mandela (é intimo... conhece desde garotinho). E o povo cai na gargalhada!
Só falta agora dizer que vai resolver as pequenas diferenças bíblicas que existem há milênios entre os filhos de Isaac e Ismael! Êita cabra macho sô! Aí é que o povo morre de tanto rir!
Construindo uma imagem!
Esse é o ponto forte de Lula! A alucinação maníaca! E é justamente na sua alucinação de poder, na sua "viajada na maionese", que está seu ponto mais fraco!
Para construir a imagem de seu candidato a oposição tem que desconstruir o mito do mais fraco. É preciso "bater e assoprar" ao mesmo tempo!
Ao mesmo tempo que apresenta seu candidato - para usar as palavras verbalizadas na pesquisa - como um "cara" conciliador, de bom senso, otimista, com um mínimo senso de humor, que vai buscar o entendimento e a união pela paz, com "jeitinho."
A oposição tem que construir a imagem de um "cara" que através do entendimento, irá levar adiante o anseio de afirmação nacional. De que o Brasil não só pode mais... mas principalmente merece mais!
José Serra tem que intermediar promessas e esperanças! Ele tem que cuidar da auto estima do brasileiro!
Ele não tem que se travestir de Lula nem ser melhor que Lula... ele só tem que ser melhor do que a Dilma!
É possível? É! Afinal temos cinco meses de campanha pela frente e Dilma não é Lula! O eleitor percebe que Serra é o mais preparado para o cargo de presidente!
Mas ele precisa despertar o apetite do eleitor e ser tão gostoso como o sabor caseiro de um bom ovo frito!
Não vai ser na base da "porrada" nem do preconceito. Também não será só com toneladas de botox... nem só com estilista!
É com conteúdo e emoção!
Afinal você, eleitor, prefere aprender a voar com a Dilma ou com o Serra?
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