segunda-feira, 19 de julho de 2010

Merdas... acontecem!
Quem já trabalhou com gerenciamento de crises conhece na carne o significado de expressões como "shit happens" (merda acontece!), ou "c'est la vie" (é a vida!) frases usadas no dia-a-dia para aceitar resignadamente, que na vida, coisas ruins acontecem aparentemente, sem nenhuma razão em particular.
Os mais experientes, e prudentes, entretanto, preferem seguir, a famosa lei de Murphy que diz que se "algo pode dar errado... vai dar errado". Por isso, e sabendo que crises não mandam avisos e se desenrolam com dinâmica própria e fora de controle, eles se preparam de maneira responsável, com planos para contingências e equipes especializadas para enfrentar qualquer situação que tire suas organizações da rotina operacional.
Se é verdade que "a memória do brasileiro vai só até a missa de 7° dia" como diria Millor Fernandes, não custa nada lembrar que "merdas acontecem"

 A P-36


 A demanda insaciável por energia

O uso de energia pela economia mundial cresceu em média 3,5% por ano de 1950 a 2000.
O cidadão europeu consome 5.5 vezes, em média, mais energia do que um cidadão africano. Um cidadão norte americano, em média, consome 9 vezes mais energia do que um cidadão indiano.
Mais de 25% da população mundial não tem acesso à eletricidade e 20% ainda usam biomassa (madeira, etc.) para cozinhar e se aquecer.
Para suprir as necessidades básicas de consumo de energia de uma população mundial estimada em 9,3 bilhões de pessoas no ano de 2050 será preciso aumentar em 6 vezes a produção de energia oferecida no ano 2000.
Ainda assim é projetado que no ano 2030 o número absoluto de pessoas sem eletricidade - 1,4 bilhão - irá crescer.*
*fonte - (Limits to Growth - The 30 year update)

O buraco é mais embaixo!

Mais de 80% da energia usada vem de combustíveis fosseis não renováveis (petróleo, gás natural e carvão) e a cada dia que passa vamos mais longe, e a profundidades maiores, para buscar a energia que consumimos. 
A tecnologia para localizar reservas de óleo e gás avançou muito. Mas as condições são extremas e os desafios são formidáveis. Por exemplo, o óleo e gás do pré sal estão à mais de 250 km de distância da costa e a 7 km de profundidade, fervendo a 200°C.
O fato de a Petrobrás ser pioneira e líder na exploração de óleo e gás em águas profundas é motivo de orgulho nacional. 
Entretanto, a percepção de que a exploração de petróleo em águas profundas são seguras, tecnologicamente avançadas e de que os riscos de um acidente são infinitesimais e de que gerenciar esses riscos é uma mera questão técnica e burocrática, foi colocada em cheque pelo vazamento de óleo no golfo do México. 
Portanto, a Petrobrás e as instituições governamentais brasileiras, devem sim, prestar contas de maneira transparente, se estão preparadas para enfrentar essa nova realidade e um cenário catastrófico!

Deep Water Horizon - Golfo do México


Os problemas sistêmicos do acidente no Golfo do México já são conhecidos: a complexidade tecnológica, falta de supervisão governamental, a complacência da empresas privadas, erro humano, falhas mecânicas e a imprudência de não colocar os riscos em perspectiva são os ingredientes do pior desastre ambiental na história dos Estados Unidos.
Lá a conta já supera os U$50 bilhões de dólares. Quase a metade dos investimentos da Petrobrás até 2012. 
Outro aspecto a ser considerado tanto lá, como aqui, é a questão da responsabilidade fragmentada entre várias empresas cada uma com seus diferentes objetivos. 
Lá a BP queria o acesso ao óleo, alugou a plataforma da Transocean, que terceirizou os serviços de exploração para a Halliburton.
Pergunta: A Petrobrás e a BP operam nos campos do pré sal de Whahoo e Jubarte com os mesmos processos operacionais?

"Prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém!"

Ninguém quer uma moratória na exploração do pré sal!
As pessoas só esperam que a Petrobrás e o governo brasileiro desenvolvam os recursos naturais com responsabilidade e sentir confiança de que o Brasil está preparado para lidar com um acidente como o do Golfo do México. A Petrobrás, a ANP e o Ministério do Meio Ambiente não podem se omitir!
O Brasil está exposto ao risco, e é preciso sim, rever e dar maior transparência, as normas de segurança e de fiscalização da exploração dos recursos do pré sal! 
Este não é o momento para bravatas, de auto confiança excessiva, arrogância e ignorância. O momento é de humildade e de aprendizado!
Todo mundo sabe que nosso presidente não estudou, ponto!
Vamos rezar para que ele tenha aprendido na escola da vida, pelo menos, que "prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém!"

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