Ronaldo Marques

O meteorologista, o pagé...
 e o diretor de cinema!

Pesquisar é um processo sedutor. Você sempre termina diante de números, e números numa folha de papel dão uma impressão científica para qualquer coisa!
Um conhecido meu, diretor de criação, costumava dizer que o papel do pesquisador era como o de um meteorologista... prever o tempo! E que o dele, como diretor de criação era como o de um pagé de uma tribo de índios... fazer chover!

Se uma pesquisa registra, como uma fotografia, um determinado momento no tempo, o papel de um estrategista em uma campanha política é como o do diretor de cinema...fazer um filme!
Ele ou ela precisa editar cada foto a 24 fotos por segundo para construir uma mensagem, uma imagem para seu candidato que irá se materializar na mente do eleitor no momento em que estiver na frente da urna. O filme já começou a ser rodado mas só termina no dia 3 ou 31 de Outubro deste ano.
Infelizmente, o nível de interesse e a cobertura da imprensa sobre a mais recente rodada de pesquisas e a exploração dos resultados destas pesquisas pelas campanhas limitou-se novamente a divulgação dos resultados como se a eleição fosse uma corrida de cavalos... foi dada a largada!
Esta eleição, como todas as outras será decidida por eleitores que não estejam... na largada... comprometidos com um ou outro candidato, e passíveis durante a campanha de serem persuadidos a mudar seu voto... ou também pelos chamados eleitores indecisos.
A pergunta chave a ser feita agora é o que, se é que existe algo, os candidatos farão de diferente, dependendo dos resultados da pesquisa.
Tendo definido com a maior precisão possível o maior grupo de eleitores não comprometidos ou indecisos o nível de conhecimento, sua preferência pelos candidatos e os pontos fortes e fracos de cada candidato entre estes eleitores, resta saber agora como cada campanha vai desenvolver sua agenda de temas e alocar seus recursos de tempo, gente e dinheiro na conversão do voto!
O roteiro do filme é conhecido! Os atores também. Muita água ainda vai rolar. A paixão nacional já está focada na África do Sul e o eleitor só voltará suas atenções para Pindorama em meados de Julho e dependendo do resultado no futebol e dos impactos da enorme crise econômica que mais uma vez se aproxima o ânimo do eleitorado pode mudar.
Lembram de 1994? Do tetra, da estabilidade da moeda, da ida da classe "C" ao paraíso e da eleição de FHC? Lembram de 2002? Do Penta, da instabilidade da moeda, do retorno da Classe "C" ao inferno e da eleição do Lula?
Pois é... né? Dizem que todo filme tem um final feliz. Se você não está se sentindo feliz agora... é porque o filme ainda não chegou ao final!