segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ejaculação Precoce

O nível de interesse e a cobertura da imprensa sobre cada rodada de pesquisas e a exploração dos resultados destas pesquisas pelas campanhas limita-se, tradicionalmente, à divulgação dos resultados como se a eleição fosse uma corrida de cavalos... foi dada a largada!
A cobertura da última rodada de pesquisas, entretanto, mostra sintomas de... uma disfunção erétil!
Fui dormir na Sexta Feira com a informação do Vox Populi de que a candidata Dilma Rousseff teria ultrapassado o candidato José Serra. Acordei no Sábado com a informação do Datafolha que o empate técnico entre os dois candidatos persistia.
A celebração orgásmica e prematura do clímax, pelos defensores da situação, é reveladora! 
Afinal, uma das causas da ejaculação precoce é a ansiedade e o stress causado pelo medo ou desconforto com a parceira. Dilma simplesmente não desperta o tesão em ninguém!
Seu despreparo, baixa credibilidade, ausência de empatia e a falta de naturalidade na candidatura (na relação) faz com que qualquer petista queira gozar antes do tempo e acabar logo com isso! Táááxxiii!
Já a pesquisa do Datafolha revela que o eleitor ainda não gozou! Ele ainda precisa ser estimulado, ele quer "discutir a relação", conhecer melhor os parceiros e se sentir mais confortável antes de ir para a cama com ou com o outro!

Amostragem ou sacanagem?

Depois de consumado o "ato" ou revelados os dados da pesquisa. Ambos os lados, como dois parceiros insatisfeitos, passaram o fim de semana inteiro discutindo os resultados (e continuam até hoje)! Como explicar resultados tão diferentes? Amostragem ou sacanagem? Ambas!
Uma gota de sangue é a amostra suficiente para diagnosticar um paciente. Você não precisa ser vampiro e drenar os 5 litros de sangue de uma pessoa para saber se o paciente está saudável.
Da mesma maneira, você não precisa comer a panela inteira para saber se a feijoada que você está preparando está gostosa! Basta uma colher de pau e uma degustação para antecipar o sabor final.
É claro que a feijoada será mais ou menos gostosa dependendo da receita que você utilizar. Da mesma maneira é óbvio que em pesquisas as diferenças de método podem sim, explicar as diferenças de resultados.
E não é só o tamanho da amostra, ou se ela foi colhida em locais de fluxo ou no domicílio do entrevistado, se ele tinha telefone ou não, mas também as cidades escolhidas, se foi na zona rural ou não, os bairros escolhidos, a hora do dia, as cotas, o questionário, o sexo do entrevistador e a qualidade das entrevistas.
Quem conhece pesquisa e a realidade do Brasil sabe que a mesma metodologia aplicada de maneira fidedigna trará resultados diferentes para Joinville e Blumenau, por exemplo. A demografia explica!
Durante minha carreira investi milhões de dólares em centenas de pesquisas, quantitativas e qualitativas. Sempre que possível procurei acompanhar a aplicação de questionários, conhecer entrevistadores, ver e ouvir os entrevistados, antes de começar o campo, antes da apresentação e da discussão dos resultados. Desde muito cedo aprendi que a verdade está no campo!
Sempre relutei em utilizar os serviços de profissionais ou institutos de pesquisa de opinião especializados em pesquisas eleitorais (Carlos Matheus está de prova) por duas razões simples.
A primeira por uma razão prática. Temos no Brasil eleições a cada 2 anos e isso significava que o fornecedor dos dados estaria praticamente indisponível por meses antes de cada eleição.
A segunda por uma razão mais preconceituosa do que técnica. Sempre acreditei que estes institutos seriam vocacionalmente mais "maleáveis", menos independentes e resistentes às pressões do contratante da pesquisa. Ou seja, pudessem se submeter à minha vontade e mostrar os resultados que eu queria ver ao invés de me mostrar os resultados que eu deveria ver!
Infelizmente, continuo cético quanto a independência dos institutos de pesquisa eleitoral e não compro um carro usado do Marcos Coimbra (Vox Populi), do Mauro Paulino (Datafolha), do Ricardo Guedes (Sensus) nem do Carlos Augusto Montenegro (Ibope).

A boa notícia é noticia nenhuma!

Quem já trabalhou, ou trabalha, orientado por resultados conhece a proverbial frase "no news... is good news", especialmente... numa tarde de Sexta Feira!
É justamente isso que a última rodada de pesquisas indica: Que a única notícia nova... é que não tem notícia nova nenhuma!
Ficar discutindo ou questionando metodologia ou pedindo perícia nos dados de pesquisa é a mesma coisa que discutir o que aconteceu no 2º tempo de Brasil X Holanda na Copa. Não muda o resultado! E no caso específico dessas eleições o resultado é o equilíbrio. O empate! Foi assim nas rodadas anteriores e continua na última!
Fernando Rodrigues confirma em sua coluna de hoje na Folha de São Paulo aquilo que venho dizendo aqui há meses!

"A marca da 6ª eleição presidencial direta pós-ditadura é a do equilíbrio entre duas forças majoritárias (PT e PSDB). A regra parece cristalizada. Repete-se pela quinta vez seguida, desde a disputa de 1994 (...) sempre um terceiro nome (desta vez, Marina Silva, do PV), indicando a renitente insatisfação de pequena parcela da população com a polarização recorrente apenas entre os candidatos do "establishment".
A anedota conhecida em Brasília, de que só será possível prever os resultados depois de 3 de outubro, parece ser verdade! Esta eleição, como todas as últimas eleições, será decidida por eleitores que não estão comprometidos com um ou outro candidato e passíveis durante a campanha de serem persuadidos a mudar seu voto... os chamados eleitores indecisos.
A pergunta chave a ser feita agora é o que, se é que existe algo, os candidatos farão de diferente, dependendo dos resultados da pesquisa.

Revelação ou Conversão!

A Conversão de Saul - Michelangelo

Como nosso líder supremo tem se manifestado em termos bíblicos vou dar aqui uma de profeta profano.
A eleição não começou ainda! Ambos candidatos tem potencial para vencer. Como vencer... eis a questão!
O desafio de Dilma é o da "revelação"! Daqui a quatro semanas e depois de se revelar várias vezes no horário nobre da Globo ela terá a oportunidade de provar que a vontade "divina" é a verdade! Caso contrário, se ela não ganhar pontos, ou até mesmo parar de crescer nas pesquisas, com sua exposição ao público, Dilma perde a eleição no 2º turno!
Por outro lado e ainda usando a analogia bíblica, o desafio de José Serra é o da "conversão"! Converter, em maior número, os eleitores ainda não evangelizados a uma nova religião, uma nova fé, uma nova crença!
Como um bom missionário seu desafio é persistir até o fim. Incendiar o debate e a campanha, levar a eleição até o último dia do 2º turno.
Se os tucanos conseguirem sair de cima do muro sem entrar em parafuso até lá, José Serra ganha a eleição!
O resto é ejaculação precoce!

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