sexta-feira, 23 de julho de 2010

A Raposa e o Ouriço


"A raposa sabe muitas coisas, mas o ouriço sabe uma coisa só"
Archilochus (século VII a.C.)

Este fragmento de verso do poeta grego Archilochus foi usado como metáfora pelo filósofo, historiador e intelectual Sir Isaiah Berlin (1909-1997) no seu ensaio sobre Tolstoi incluído no seu livro "Russian Thinkers" e serve para caracterizar os seres humanos como Ouriços ou Raposas.
A vida do ouriço incorpora uma única visão central da realidade segundo a qual eles vivem, pensam, sentem e respiram. São "sistemicamente viciados." Exemplos de "ouriços" seriam Platão, Dante, Proust e Nietzsche.
As raposas ao contrário das vidas centrípetas dos ouriços, levam uma vida centrífuga, perseguindo muitos fins divergentes e possuem um senso de realidade que as impede de formular  uma visão final, única do sistema como um todo, simplesmente porque elas sabem que a vida é complexa demais para ser resumida  em um esquema unitário e Procrusteano. Exemplos de raposas seriam Montaigne, Balzac, Goethe e Shakespeare.*
* tradução livre - Arvan Harvat personal correspondence, June 2004

O ecocídio real e iminente

Outras sociedades antes da nossa, como os polinésios, os maias, os vikings entraram em colapso ou simplesmente desapareceram deixando para trás ruínas monumentais.
Diamond Jared no seu livro "Collapse - How Societies Choose to Fail or Succeed" lista 8 categorias de danos ambientais que poderiam ter contribuído para o colapso destas sociedades: desflorestamento, destruição de habitat e erosão do solo; pesca e caça excessivas; introdução de espécies não nativas; crescimento populacional, e aumento do impacto per capita no ambiente pelo ser humano. Ainda segundo Jared, os desafios que enfrentamos nos dias de hoje são os mesmos e mais 4: Mudanças climáticas causadas pelo homem; acúmulo de produtos químicos e tóxicos no meio ambiente; escassez de energia e a exaustão da capacidade de fotossíntese (produção de alimentos) do planeta.
O livro procura respostas para, entre outras, a seguinte pergunta: Se alguns milhares de seres humanos munidos apenas de ferramentas de pedra e da força bruta conseguiram destruir o meio ambiente e suas sociedades, como bilhões de pessoas com ferramentas de metal e o poder das máquinas poderão falhar em produzir o pior dos cenários para a sociedade moderna? Um ecocídio não intencional!

O Diálogo Insustentável

Como estudioso de comunicação me fascina o dilema e o impasse de assistir a humanidade, passivamente, transformar nosso planeta de uma forma dramática – em um habitat inteiramente hostil à espécie humana e a inumeráveis outras espécies animais e vegetais - caminhando para um ecocídio não intencional, auto condenando-se à extinção ou, na melhor das hipóteses, ao regresso a um estado de selvageria que levará a aniquilamentos recíprocos de proporções inimagináveis.
Porque não dizemos, basta? 
Há alguns meses tive a oportunidade de discutir o tema com um dos melhores quadros políticos do país e conhecedor da tese da sustentabilidade.
Conclusão: Para tirar bilhões de pessoas da pobreza extrema, que não tem como usufruir das maravilhas do mundo moderno como eletricidade, por exemplo, os mais ricos e poderosos terão que crescer menos e até mesmo ceder ou redistribuir sua riqueza.
E aí não há diálogo que se sustente!
Usei a metáfora taxonômica de Archiloquos (ver Sustainability - Bryan G. Norton) para entender como os campos opostos se dividiriam entre os ouriços e as raposas.
Os ouriços seriam os reducionistas.
Na visão dos ouriços a principal e única causa de nosso trágico destino é a expansão inexorável do crescimento econômico em rumo de colisão com uma ecosfera finita.
Para eles só diminuindo ou contendo o crescimento poderemos criar, para as novas gerações um futuro sustentável.
As raposas seriam os desenvolvimentistas.
Para as raposas, a fonte dos nossos problemas ambientais são várias e diversas e ao invés de prescrever o fim do crescimento como a panacéia para todos nossos males, as raposas defendem uma combinação de incentivos e restrições regulatórias, aplicadas caso-a-caso.
As raposas defendem tecnologias limpas e mais eficientes. Elas acreditam em melhoria ambiental através do uso mais eficiente de recursos naturais.
Usando a metáfora de Archiloquos perguntei se na opinião dele haveria alguma diferença no ideário dos atuais candidatos (Serra, Dilma e Marina) que os qualificasse como ouriços ou raposas?
Ele respondeu que os dois primeiros seriam raposas. 
Silêncio sobre Marina! Uma raposa em pele de ouriço?
Recebi como resposta um cativante sorriso de ouriço!
Conclui que na "realpolitk" do mundo animal, nosso galinheiro está cheio de raposas!

Um comentário:

  1. Se segure na cadeira e que fique só entre nós.

    A informação que temos, em resumo, é a aceleração da movimentação do magma em decorrência das mais de 2053 explosões atômicas de 45 até hj.

    A inclinação abrupta do eixo da Terra não teria sido provocada por um asteróide, mas por uma mega explosão atômica.

    Nossas fontes garantem que se tivesse sido um asteróide o planeta não existiria mais.

    A aceleração, a exemplo do pião, tem o efeito verticalizador.

    Essa movimentação interna está aumentando a pressão e os vulcões entram em maior atividade aquecendo ar e água.

    As consequências climáticas são óbvias.

    O homem pode muito pouco em termos materiais, mas deve precarver-se e estar preparado para a solidariedade, e sobretudo, mudar a forma-pensamento para aliviar a psicoesfera densa em que nos encontramos.

    Estamos no ápice e assim ficaremos mais uns 4 anos. Coisas surpreendentes acontecerão.

    Vamos em frente, SIM! É a Lei do Progresso.

    Já estamos começando a ter clareza na interpretação do ensinamento de Jesus.

    Chegou a hora.

    ResponderExcluir